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terça-feira, 24 de julho de 2012

«Abraçar o mundo sem deixar ninguém de fora II»: as Bibliotecas Itinerantes *

BIBLIOTECAS ITINERANTES:  estrelas mediáticas

Se as grandes protagonistas da leitura pública são as Bibliotecas-caixa, as verdadeiras estrelas dos serviços de extensão bibliotecária e cultural são as bibliotecas itinerantes, também conhecidas por Bibliomóveis ou Bibliobuses. Dos países mais desenvolvidos aos mais carenciados, as bibliotecas itinerantes continuam a ser consideradas das mais vívidas e melhor conseguidas «fórmulas» de biblioteca. Concebidas para ir (mais) longe, onde a maior parte das pessoas não vai, e acarinhadas por bibliotecários sensíveis, as bibliotecas itinerantes têm, há mais de um século, e cada vez mais, leitores fervorosos literalmente em todo o mundo.

Os primeiros bibliomóveis eram basicamente armários com estantes montados em carroças puxadas por cavalos:

 
Por isso, o primeiro bibliomóvel português, criado por Branquinho da Fonseca, conservador-bibliotecário do Museu-Biblioteca do Conde Castro Guimarães, em Cascais, em 1953, é na realidade uma actualização dos primeiros bibliomóveis dos países anglo-saxónicos, tal como Augusto Ataíde preconizara em 1914.   



Como é do conhecimento da maioria dos portugueses adultos e mais velhos, foi a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) que, na segunda metade do século XX, desenvolveu este serviço em todo o território nacional. Pela primeira vez, no nosso país, os livros chegavam massiva e livremente a (quase) todos os que quisessem ler.

 

Último modelo ainda oferecido pela FCG (ca 2000).
No início dos anos setenta a Gulbengian dotara o país de 63 unidades móveis (e 166 unidades fixas) que no seu conjunto cobriam todo o país. Com o desenvolvimento do Programa da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas a partir de 1987, a FCG vai propondo a «transição» das suas bibliotecas itinerantes e fixas para os respectivos municípios, os quais, apoiados pela administração central, vão progressivamente assumindo a gestão e o desenvolvimento das bibliotecas municipais e, em consequência, dos serviços de extensão bibliotecária. Desta transição constitui exemplo, entre tantos outros, a Bibliomóvel de Viana do Castelo que, com o apoio da FCG entre 1994 e 2002, percorria 800 kms por mês, com uma paragem mensal em todas as freguesias do concelho.

 

As bibliotecas itinerantes acompanharam os tempos, adaptaram-se e modernizaram-se, tecendo sólidas redes de leituras e de afectos nos mais distantes e isolados concelhos portugueses. Na sua maioria de pequena dimensão (o que lhes trás duas vantagens: percorrer as mais difíceis estradas do nosso país e serem conduzidas por qualquer pessoa que detenha uma simples carta de condução), as bibliomóveis oferecem centenas de itens (entre livros, revistas, cd e dvd) e acesso à Internet. Mas, sobretudo, cuidam das populações dos confins mais solitários do nosso país. Como a biblioteca itinerante de Arouca que percorre todas as freguesias do concelho, nomeadamente as que se encontram mais longe da sede:


Ou a do Fundão que disponibiliza livros, mas também, DVDs e CDs em visitas quinzenais. O horário é afixado nas juntas de freguesia, igrejas ou escolas.



O Bibliomealhada, o maior bibliobus português, é um autocarro transformado pelos próprios funcionários da autarquia em biblioteca itinerante. Tem zona de leitura, um pequeno anfiteatro e acesso à Internet. Faz paragens em 25 lugares das 8 freguesias do concelho. As escolas do ensino básico e jardins-de-infância recebem mensalmente a mala «Livros em Viagem». Os lares e centros de dia recebem os «(A)braços da Biblioteca Municipal», cestos com livros CDs e DVDs.



No concelho de Marvão, a Biblioteca Pública era, até 2010, a carrinha itinerante: Catarina Machado, a bibliotecária (e também arquivista), percorria as quatro freguesias do concelho de modo a chegar a todos os seus cerca de 3500 habitantes. Depois a Autarquia dispensou os serviços
 da bibliotecária e a Biblioteca encerrou as portas, digamos assim. O concelho ficou evidentemente ainda mais pobre!

Marvão- 2008
Marvão - 2010

Nos últimos anos, cada vez mais autarquias e bibliotecas municipais têm vindo a dar-se conta das imensas potencialidades das bibliotecas itinerantes na promoção da leitura e da cidadania no nosso país, tornadas de novo evidentes com o trabalho desenvolvido pelas cerca de 70 bibliomóveis que actualmente circulam no nosso país. De entre estas, é forçoso destacarmos a de Nuno Marçal que, para além de assegurar a presença da Bibliomóvel em todo o concelho de Proença-a-Nova, a divulga como nenhum outro no seu blogue O Papalagui: crónicas de um bibliotecário ambulante.



Projecto «Ciência para todos» na Bibliomóvel de Proença-a-Nova - 2009

As actuais bibliotecas itinerantes orgulham-se do seu trabalho que as populações tanto apoiam e apostam numa imagem forte, como a de Loulé ou a de Vila Franca de Xira.



A Biblioteca Andarilha de Beja, inaugurada em 2009, a de Grândola em 2011 e a de Penedono em 2012 são as mais recentes bibliotecas itinerantes do nosso país que conta presentemente (Agosto de 2012) com 71 Bibliotecas itinerantes em actividade.

Beja - 2009
Grândola - 2011
Penedono - 2012

Para conhecer melhor as cada vez mais dinâmicas Bibliotecas Itinerantes, consulte O papalagui, o blogue de Nuno Marçal e A Nave Voadora, o directório das Bibliotecas Itinerantes Portuguesas da autoria de João Henriques. Mais, contacte-os e contribua para a actualização de A Nave Voadora e para o projecto de recolha de fotografias de todas as nossa Bibliomóveis de Nuno Marçal!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

1ª. Maratona de Leitura «24 horas a ler» na Biblioteca Pública Municipal da Sertã

A primeira Maratona de Leitura 24 horas consecutivas a LER decorreu das 10h00 de sábado, dia 14, às 10h00 de domingo, dia 15 de Julho, na Biblioteca Municipal Pe. Manuel Antunes, na Sertã. 

O Senhor Presidente inaugurou a Maratona que teve início no terraço da Biblioteca.

Muitos dos primeiros contos da manhã foram canções...

e as crianças foram as grandes protagonistas.

As pinturas faciais deram o tom festivo...

e muitos livros para os mais novos saíram das estantes.

Os escuteiros tomaram a seu cargo uma hora de histórias.

O microfone ajudou os leitores mais pequenos...

e permitiu que as leituras fossem ouvidas por muitos dentro e fora da Biblioteca.

Quando a noite caiu, acenderam-se as lanternas...

e as velas que toda a noite anunciaram a leitura na Biblioteca.


Os adultos


e os mais velhos foram chegando...

e o frio da noite também!



Viemos então para dentro e a Clara preparou chocolate quente e bolinhos para todos!

Alguns não resistiram ao sono,
   
mas um grupo de incondicionais encheu a noite de histórias de mistério..
  
de terror e de medos...

Nas primeiras horas do novo dia, ouvimos histórias de encantar e poemas.

Às oito horas o senhor Padre deu início à leitura de histórias da Bíblia...

que os últimos maratonianos continuaram.

Quando chegaram as 10h00 da manhã...

o Coro Sertanense encerrou a Maratona da Leitura, encantando-nos a todos!

Diversos foram os testemunhos deixados na entrada da Biblioteca...

...sobre uma noite extraordinária que envolveu várias centenas de pessoas de todas as idades, muitos dos quais ali se (re)conheceram pela primeira vez.

Juntos vivemos um projecto único no nosso país e experimentámos a alegria de nos encontrarmos com e nos livros e nas leituras. Queremos repetir e recomendamos vivamente que experimentem fazê-lo connosco. 

Até para o ano!



terça-feira, 3 de julho de 2012

Mistérios da Europa: 21º. Maratón de los Cuentos de Guadalajara

Cartaz 2012
Celebrou-se no fim de semana de 13 a 15 de junho o 21º. Maratón de los Cuentos de Guadalajara, este ano subordinado ao tema Mistérios da Europa.
E porquê Mistérios da Europa? Para tentar explicar o que não tem explicação! Neste difícil início do século XXI, pareceu importante à organização do Maratón convocar representantes de todos os países do espaço europeu para darem a conhecer mistérios dos seus países, tão diversos quanto por vezes surpreendentemente similares:  Porque cada pueblo ha tratado de interpretar con historias aquello para lo que no encontraba explicación racional, y aunque la táctica no parece haber conseguido el objetivo que buscaba  -las grandes preguntas siguen en pie- ha producido un rico patrimonio inmaterial que aún hoy continúa creciendo porque, ¿qué son las leyendas urbanas si no nuevos intentos de explicar lo que no tiene explicación? 
Pela terceira vez, o projecto da associação de promoção da leitura que promove o Maratón de los cuentos foi contemplada com um financiamento do programa Cultura 2007/2013 da União Europeia (Apoio a festivais) e pôde deste modo reunir trinta contadores, um de cada país do espaço europeu, para divulgarem e reflectirem em conjunto, num seminário realizado entre os dias 12 e 15, historias de misterio (que) son las que, cuando terminan, dejan más preguntas que respuestas!
Maratón 2012.
Para além deste seminário, desenrolam-se, como sempre, dezenas de eventos em simultâneo: nas ruas, em espaços monumentais, no Teatro Moderno, nos jardins do Palácio. E este ano trinta contadores representando a Europa (de Portugal: os Andante, António Fontinha e Luís Carmelo) contaram também, nas suas línguas, com tradução simultânea ou consecutiva, juntando-se aos mais de mil contadores que contaram para milhares de espectadores atentos ao longo de cerca de 48 horas ininterruptamente. 

Espectáculo de rua.
Neste ambiente de Mil e uma noites que envolve o Palácio do Infantado, é contudo no cenário montado no grande Pátio dos Leões que vive o coração palpitante deste evento, o que o torna único entre todos: narradores profissionais, políticos, escritores conhecidos irmanam-se a milhares de contadores anónimos: crianças, mais velhos, adultos... Em Guadalajara, todos aprendem a contar em público e, não menos importante, a... saber ouvir. 
Para que esta festa da palavra contada aconteça, dezenas de pessoas dedicam-lhe durante muitos meses o melhor de si mesmas, mais de duas centenas de voluntários apoiam-na incondicionalmente durante vários dias, e toda a cidade nela participa de diferentes formas: do acolhimento a todos quantos chegam para los cuentos, à escuta activa, hora após hora, de todo o tipo de histórias.
Uma experiência única e irrepetível de encontro e de partilha, de vivência do eu interior e do inconsciente colectivo, do melhor de todos e de cada um de nós. 

Até para o ano!
Despedida 2012.
PS: Gracias a Borron y Cuento Novo por las fotos y a Stop20motion por el vídeo...